Período: 05 a 27 de outubro de 2018
Abertura: 4 de outubro
Local: Instituto Cervantes. Avenida Paulista, 2439 – térreo – Cerqueira César.
Realizada em 2018 no Instituto Cervantes e com curadoria de Denise Mattar, a exposição Símiles apresentou ao público uma nova fase de trabalho da artista Mary Carmen Matias. Fundamentada no desafio de lidar com o mármore e o metal – dois materiais nobres, mas resistentes -, a artista se propõe a criar diálogo, complementariedade e integração entre eles.
A escolha do nome reforça o sentimento transmitido pelas obras. A referência ao termo Símile, que significa a comparação de dois objetos distintos, mas que possuem características comuns, que os aproximam em semelhança.
Ao unir a sua experiencia do metal com o desafio de trabalhar com o mármore, um estudo inovador em sua carreira, a artista cria 15 esculturas que mostram com sucesso a realização desta missão de domar os materiais. Torna-se ainda capaz de desmistificar o mármore, frequentemente usado pelos artistas clássicos em esculturas figurativas, ao trazê-lo para a contemporaneidade.
Segundo a curadora Denise Mattar, em sua nova fase a artista:
“[…] se propôs a dilatar ainda mais os limites do confronto entre expressão e matéria. Arriscou-se a buscar uma interação entre metal e pedra, e a concretizou utilizando a cintilação do aço e a densa alvura do mármore.
A busca pela harmonia entre brilho e rocha esbarra, imediatamente, na natureza de suas diferentes constituições e no processo necessário para a materialização das formas. No metal, há o embate da dobradura, da torção e da abrasão. Na rocha a escultura se constrói pelo desbaste, pela remoção do que não se quer, pelo desvelamento de uma forma, que, segundo Michelangelo, já está lá. Essas dessemelhanças são determinantes para os diálogos que Mary Carmen busca estabelecer e consolidam possibilidades instigantes.
Em algumas obras o aço brota do mármore, como se dele tivesse nascido, lançando-se no ar com a poesia luminosa da linha. […] Outras formas se contrapõem, duplicadas, encarando-se, comparando sua similaridade na diferença. […] Com leveza e precisão, a artista determina o ponto no qual essas formas se tocam, alcançando delicado equilíbrio.
Mas há outro tipo de encontro, no qual os materiais se abraçam e se enroscam como amantes; com força e densidade. […] A rocha submetida entrega-se, e sedutoramente enleia-se no metal. […] Mary Carmen Matias busca – e encontra – a síntese e a harmonia entre opostos.”
O resultado nos mostra que, embora os materiais escolhidos sejam diferentes, eles podem conviver; com leveza, suavidade e poesia. A integração e harmonia acontecem com essa junção, pois separados eles diminuem o seu significado. Ora um se apoia no outro, outras vezes um vai às entranhas do outro. Não existe o mais forte, ambos se complementam e se entrelaçam para transmitir significados.